terça-feira, agosto 29, 2006

O porquê do nome Guerreira da Luz


Um dia, por um simples acaso, surgiu a minha vida um livro.
“O Manual do Guerreiro da Luz”.
O título não conseguia esclarecer-me muito bem sobre o que seria o conteúdo. Seria uma história antiga? De guerras?
Na capa, uma espécie de anjo com umas vestes antigas e um género de uma espada nas costas também não ajudava muito.
O autor... Paulo Coelho. Sim, o nome era-me algo familiar. Nunca tinha lido nada dele.
Então, virei o livro.
E li a parte de trás.
E tudo mudou.
Cada um de nós tem gostos distintos. O que parece belo aos olhos de uns, é apenas vulgar para outros. Sei disso. Mas este livro passou a ser, a partir daquele dia o meu livro de cabeçeira.
Aquele que abro quanto me questiono sobre algo. E a resposta está sempre lá.
Exactamente, na página aberta.
Aquele livro, transformou-se nas palavras do meu Anjo da Guarda.
E foi assim, que, quando pensei no blog, quando pensei na minha história.... só podia haver um nome...
Gostaria de partilhar, o que li naquele dia e o que fez com que aquele livro fosse tão especial para mim.

«Os guerreiros da luz reconhecem-se pelo olhar.
Estão no mundo, fazem parte do mundo, e ao mundo foram enviados sem alforge e sem sandálias.
Muitas vezes são cobardes. Nem sempre agem correctamente.
Os guerreiros da luz sofrem por tolices, preocupam-se com coisas mesquinhas, julgam-se incapazes de crescer.
Os guerreiros da luz, de vez em quando, crêem-se indignos de qualquer benção ou milagre.
Os guerreiros da luz, com frequência, interrogam-se sobre o que fazem aqui.
Muitas vezes acham que as suas vidas não têm sentido.
Por isso são guerreiros da luz.
Porque erram.
Porque interrogam.
Porque continuam a procurar um sentido.
E acabarão por encontrá-lo.»

quinta-feira, agosto 24, 2006

Finalmente uma foto!!! As minhas aventuras para me entender com o blog não acabam e o tempo é escasso. Estes são os meus amores. Com o tempo vou colocar mais fotografias, mas neste momento esta é a única que tenho no PC. São lindos não são?
Foi na festa de encerramento do Atl antes do Verão. Têm andado sempre juntos na escola e é como eu digo. O André tem uma mãe em casa e outra sempre ao lado dele. Ela está sempre atenta ao que lhe fazem. É mesmo protectora. É claro, que, outras vezes também se chateia com ele... mas nunca dura muito tempo.
Ás vezes há perguntas difícieis... " Mãe... porque é que o André nasceu assim? Porque é que ele não é um menino como os outros? "... Ufa... não é fácil... " Porque nem todos os meninos nascem completamente saudáveis... porque as flores não são todas amarelas e os dias não são todos cheios de Sol. Porque temos de aprender que a vida se apresenta em diversas formas e devemos respeitar e amar todas essas diferenças".
" Mãe, mas na escola os meninos ás vezes gozam com o André e não brincam com ele..."
Ufa, ufa... aceitar isso no meu coração de mãe. Tentar entender isso no meu coração de mãe. Tentar explicar isso sem demonstrar nada do que sinto.... " Os meninos ás vezes não sabem como lidar com o André e reagem a isso dessa forma. Com o tempo, com a ajuda de meninas como tu, dos pais deles e dos professores, eles vão perceber que o André é apenas um menino diferente. E vão deixar de fazer isso..." .
" Claro mãe, eu explico sempre isso. O meu irmão não tem culpa de ser assim..." E ela termina a conversa, tranquila, acreditando nas minhas palavras.
E eu fico a tentar acreditar também. Apetece-me entrar na cabeça de todos os pais e professores da escola. Do mundo inteiro. Apetece-me explicar-lhes, que eles devem esclarecer os seus filhos, que as diferenças existem e devemos respeitá-las. Lidar com eles da melhor maneira. Depois lá respiro fundo. Começo tal como a minha menina a acreditar nas minhas palavras. Até porque do outro lado, há as meninas, que são mais protectoras.
Quando o vou levar de manhã e as colegas estão à porta da sala e ele se senta no banquinho, pergunto-lhes: "tomam conta dele?" "Sim, claro, pode ir" e uma agarra na mão, a outra na mochila. A outra diz-lhe para estar sentado. E eu vou-me embora sentindo-me mais leve. Acreditando cada vez mais nas minhas palavras!


sexta-feira, agosto 18, 2006

Fim de Semana

É fim de semana, com o Sol ainda tímido. Gostava de deixar um grande beijo e agradecer as vossas visitas ao meu blog e as vossas palavras amigas. É com sentir que conseguimos encontrar universos em sitios que nem sabiamos que existiam. E que nos fazem tão bem...
Vou acompanhar também as vossas histórias. Por hoje só queria deixar um... OBRIGADA POR ESTAREM POR AÍ.... Beijos grandes

quinta-feira, agosto 17, 2006

Definir o André

Se tivesse de escolher uma palavra que mais se identificasse com o André, essa palavra seria água.
Sempre adorou água. Começou com 4 meses a fazer natação na Cova da Piedade, onde viviamos na altura, numa piscina aquecida. A investirmos em força na intervenção precoce.
Aliás, de todos os apoios que teve, era desse o que ele mais gostava.
Dos outros não gostava muito.
Dei por mim a pensar se tanta coisa também seria boa para ele (aquelas dúvidas que nos invadem por vezes). Afinal era apenas um bebé. Que tinha direito a ser bebé.
Lá consegui conciliar tudo. Entre as terapias ocupacionais e psicomotoras, passear, brincar, ser criança, o André teve direito a tudo.
Também teve imensa sorte. Tinha tanto os avós paternos como os maternos só para ele. As avós estavam as duas em casa e moravam a duas ruas uma da outra.
Competiam ambas para desenvolver progressos no seu netinho único.
Eu fazia o papel de travão. Que tanta ansiedade também não fazia bem ao meu menino. Ele precisava de tempo para estar com os seus botões e perceber à sua maneira que o nosso mundo não era só uma data de doidos a fazer barulhos com rocas e palmas e a mexer-lhe nos pés e nas mãos.
Ele precisava de esta sossegado, com os seus olhinhos a descobrir pouco a pouco como era aquele mundo de gente apressada onde ele agora tinha fixado residência.
Com o tempo e com o crescimento dele, fui percebendo que a água continua a ser o seu elemento preferido. Passou a andar na piscina com braçadeiras (aos 4 anos), desta vez já na liga dos deficientes motores, pois tinhamos ido viver para Lisboa.
Quando ele fez cinco anos, altura em que eu fiquei a viver sózinha com eles os dois (noutra altura falarei de como foi), decidi que a natação ficaria por conta da mamã. Essa aprendizagem seria feita comigo. Assim começamos a ir os três para a piscina. Natação livre. Todos sem braçadeiras. Com os avós a quereram internar-me por me aventurar com duas crianças numa piscina sózinha. Mas lá fomos. Era o nosso momento. Dos três. A minha menina, já nadava como um peixinho. E o meu menino aventurou-se na água pura. Fora de pé (para ele claro). Primeiro uns cm. Depois mais. E mais. Alguns pirolitos. Mas a mamã sempre à espera. E ele a imitar a mana. E devagarinho ele foi nadando. Hoje o André atravessa as piscinas a nadar. Passa debaixo das nossas pernas. Vai buscar bolas. A água é para ele o menor dos desafios e agora é a mamã que o chama, quando ele no mar olha para as ondas, como se fossem da familia. Mergulha por cima, por baixo, por onde calha. Sempre a cumprir regras. Sempre acompanhado e vigiado. Como se também ele soubesse que temos de olhar para o horizonte e acreditar que as ondas da nossa vida só nos ajudam a sermos mais fortes.

O primeiro

Olá!

Esta é a minha aventura pelos blogs. Não percebo muito disto, mas de certeza que vou aprender. É um mundo novo para investigar!!!

Decidi criar este blog para poder partilhar convosco a minha experiência. Como mãe e como mulher!

Principalmente, como mãe especial.

Há nove anos a minha vida mudou.

Há nove anos, fui mãe pela primeira vez. O André foi muito esperado e muito desejado. Planeado também.
Mas com os filhos chega uma nova vida e o André resolveu trazer uma surpresa enorme com ele.
Um filho é sempre especial, mas o meu filhote queria ser ainda mais especial. Ele não se contenta com pouco...
O André chegou ao mundo com a notícia (dada de forma informal e descontraída como se fosse a coisa mais normal do mundo) que era portador de Trissomia 21.
A partir daí, o mundo mudou de cores. Cores que mostraram novos lugares. Os lugares passaram a ser diferentes. Diferentes em tamanhos. Tamanhos que se transfomavam em dores. Dores profundas e imensas. Imensas como o amor que também nasceu. Nasceu com uma força e uma fé enorme.
Fé essa que me fez perceber que a única coisa que importava era fazer o máximo para que o meu filho fosse feliz.
Percebi que só dessa forma poderia ser feliz também.
Percebi que não tinha o direito de forma alguma de ficar triste e ou desistir. Ela precisava de mim. E eu, ao contrário dele que era um pequeno bebé, tinha todas as capacidades de o poder ajudar.
Claro que não foi fácil. Aceitar um mundo novo, uma realidade diferente não foi fácil. Foi mesmo muito dificil. Felizmente tive o apoio de toda a a família e amigos.
Procurei ajuda e toda a informação possível.
A coisa que mais retive, foi quando, nas minhas incertezas de mãe, querendo saber que grau ele tinha (se era leve, forte), se ia andar, se ia falar, o que iria acontecer e apenas encontrava respostas vagas, como: cada caso é um caso... (Que realmente é uma enorme verdade, mas que para uma mãe desesperada à procura de algo a que se agarrar, era muito pouco), encontrei a resposta.
" Apenas há dois tipos de trissomia 21. Aqueles que nunca são aceites, que são rotulados de "deficientes" e assim ficam. E aqueles que são aceites, que são amados tal como eles são: diferentes, mas pessoas com direito a serem felizes."
Não precisei de procurar mais respostas. O meu filho seria sempre aceite. Com os seus ritmos, as suas diferenças. E com todo o meu amor de mãe. Para sempre.

Como já disse, passaram 9 anos. Aprendi a viver a aqui e agora. Voltei a sorrir. O André sorriu e com ele a minha vida encheu-se de esperança. O André andou. O André mostrou-me que não havia motivos para ter tanto "medo". O meu filho transformou-se numa criança feliz.
Passados dois anos, nasceu a Catarina. A menina dos nossos olhos. A "mana", como ele diz. Sim, que o André está agora a dar os primeiros passos nas palavras e nas frases. Ainda tropeça muito e ainda só "anda" um bocadinho neste universo que é a comunicação. A irmã, essa fala pelos dois.

A catarina chegou, refilona e muito menina. Chegou para nos ensinar a todos que enquanto há vida hà esperança. Chegou para amar o irmão e para provar que nunca devemos desistir.

O André ganhou outra mãe. Uma menina de olhos castanhos, grandes muito senhora de si.

Mas estas coisas não são fáceis para ninguém. Tanto eu como o pai do André eramos ainda uns miúdos quando ele nasceu, tinhamos 24 anos. Muitas coisas aconteceram e um dia, decidimos que o melhor para todos seria seguirmos os nossos caminhos separados um do outro. Um do outro, mas nunca dos nossos dois filhos, que eram e seriam sempre a luz que nos guiava.

Mais uma etapa, mais um mundo novo com novas cores que começei a conhecer há 4 anos. Em todas as etapas de nossa vida, devemos acreditar que alguém guia os nossos passos. Eu pelo menos sempre o senti. Saber se tomamos as melhores decisões para nós ou para os nossos filhos é sempre dificil.
Acreditei que se eu me sentisse feliz, estaria nas melhores condições para os acompanhar.

Noutro post, contarei mais novidades (porque claro, que há mais novidades em 4 anos).
Apenas pretendo deixar uma mensagem para todos os pais que encontram obstáculos nas sua vida algo inesperados. Não desistam. Acreditem em voçês. Todos temos uma missão. Alguns de nós, fomos "escolhidos" , porque temos algo "especial". Força!!!