Se tivesse de escolher uma palavra que mais se identificasse com o André, essa palavra seria água. Sempre adorou água. Começou com 4 meses a fazer natação na Cova da Piedade, onde viviamos na altura, numa piscina aquecida. A investirmos em força na intervenção precoce. Aliás, de todos os apoios que teve, era desse o que ele mais gostava. Dos outros não gostava muito. Dei por mim a pensar se tanta coisa também seria boa para ele (aquelas dúvidas que nos invadem por vezes). Afinal era apenas um bebé. Que tinha direito a ser bebé. Lá consegui conciliar tudo. Entre as terapias ocupacionais e psicomotoras, passear, brincar, ser criança, o André teve direito a tudo. Também teve imensa sorte. Tinha tanto os avós paternos como os maternos só para ele. As avós estavam as duas em casa e moravam a duas ruas uma da outra. Competiam ambas para desenvolver progressos no seu netinho único. Eu fazia o papel de travão. Que tanta ansiedade também não fazia bem ao meu menino. Ele precisava de tempo para estar com os seus botões e perceber à sua maneira que o nosso mundo não era só uma data de doidos a fazer barulhos com rocas e palmas e a mexer-lhe nos pés e nas mãos. Ele precisava de esta sossegado, com os seus olhinhos a descobrir pouco a pouco como era aquele mundo de gente apressada onde ele agora tinha fixado residência. Com o tempo e com o crescimento dele, fui percebendo que a água continua a ser o seu elemento preferido. Passou a andar na piscina com braçadeiras (aos 4 anos), desta vez já na liga dos deficientes motores, pois tinhamos ido viver para Lisboa. Quando ele fez cinco anos, altura em que eu fiquei a viver sózinha com eles os dois (noutra altura falarei de como foi), decidi que a natação ficaria por conta da mamã. Essa aprendizagem seria feita comigo. Assim começamos a ir os três para a piscina. Natação livre. Todos sem braçadeiras. Com os avós a quereram internar-me por me aventurar com duas crianças numa piscina sózinha. Mas lá fomos. Era o nosso momento. Dos três. A minha menina, já nadava como um peixinho. E o meu menino aventurou-se na água pura. Fora de pé (para ele claro). Primeiro uns cm. Depois mais. E mais. Alguns pirolitos. Mas a mamã sempre à espera. E ele a imitar a mana. E devagarinho ele foi nadando. Hoje o André atravessa as piscinas a nadar. Passa debaixo das nossas pernas. Vai buscar bolas. A água é para ele o menor dos desafios e agora é a mamã que o chama, quando ele no mar olha para as ondas, como se fossem da familia. Mergulha por cima, por baixo, por onde calha. Sempre a cumprir regras. Sempre acompanhado e vigiado. Como se também ele soubesse que temos de olhar para o horizonte e acreditar que as ondas da nossa vida só nos ajudam a sermos mais fortes.
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3 Comentários:
"Esbarrei" com o teu cantinho... e fiquei presa às tuas palavras...
Uma certeza... vou cá voltar,sempre!
Os teus pequeninos são crianças de sorte, por te terem como mãe :) sente-se o amor em cada uma das tuas palavras.
Beijinhos admiradores
Emocionante...
E viva a àgua! Chap!Chap!
Bjinhos
Fantástico...Pareces ser uma mãe maravilhosa. Parabéns!!!
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