quinta-feira, agosto 17, 2006

Definir o André

Se tivesse de escolher uma palavra que mais se identificasse com o André, essa palavra seria água.
Sempre adorou água. Começou com 4 meses a fazer natação na Cova da Piedade, onde viviamos na altura, numa piscina aquecida. A investirmos em força na intervenção precoce.
Aliás, de todos os apoios que teve, era desse o que ele mais gostava.
Dos outros não gostava muito.
Dei por mim a pensar se tanta coisa também seria boa para ele (aquelas dúvidas que nos invadem por vezes). Afinal era apenas um bebé. Que tinha direito a ser bebé.
Lá consegui conciliar tudo. Entre as terapias ocupacionais e psicomotoras, passear, brincar, ser criança, o André teve direito a tudo.
Também teve imensa sorte. Tinha tanto os avós paternos como os maternos só para ele. As avós estavam as duas em casa e moravam a duas ruas uma da outra.
Competiam ambas para desenvolver progressos no seu netinho único.
Eu fazia o papel de travão. Que tanta ansiedade também não fazia bem ao meu menino. Ele precisava de tempo para estar com os seus botões e perceber à sua maneira que o nosso mundo não era só uma data de doidos a fazer barulhos com rocas e palmas e a mexer-lhe nos pés e nas mãos.
Ele precisava de esta sossegado, com os seus olhinhos a descobrir pouco a pouco como era aquele mundo de gente apressada onde ele agora tinha fixado residência.
Com o tempo e com o crescimento dele, fui percebendo que a água continua a ser o seu elemento preferido. Passou a andar na piscina com braçadeiras (aos 4 anos), desta vez já na liga dos deficientes motores, pois tinhamos ido viver para Lisboa.
Quando ele fez cinco anos, altura em que eu fiquei a viver sózinha com eles os dois (noutra altura falarei de como foi), decidi que a natação ficaria por conta da mamã. Essa aprendizagem seria feita comigo. Assim começamos a ir os três para a piscina. Natação livre. Todos sem braçadeiras. Com os avós a quereram internar-me por me aventurar com duas crianças numa piscina sózinha. Mas lá fomos. Era o nosso momento. Dos três. A minha menina, já nadava como um peixinho. E o meu menino aventurou-se na água pura. Fora de pé (para ele claro). Primeiro uns cm. Depois mais. E mais. Alguns pirolitos. Mas a mamã sempre à espera. E ele a imitar a mana. E devagarinho ele foi nadando. Hoje o André atravessa as piscinas a nadar. Passa debaixo das nossas pernas. Vai buscar bolas. A água é para ele o menor dos desafios e agora é a mamã que o chama, quando ele no mar olha para as ondas, como se fossem da familia. Mergulha por cima, por baixo, por onde calha. Sempre a cumprir regras. Sempre acompanhado e vigiado. Como se também ele soubesse que temos de olhar para o horizonte e acreditar que as ondas da nossa vida só nos ajudam a sermos mais fortes.

3 Comentários:

Às domingo ago. 20, 11:51:00 da tarde 2006 , Blogger Caroline disse...

"Esbarrei" com o teu cantinho... e fiquei presa às tuas palavras...

Uma certeza... vou cá voltar,sempre!

Os teus pequeninos são crianças de sorte, por te terem como mãe :) sente-se o amor em cada uma das tuas palavras.

Beijinhos admiradores

 
Às segunda ago. 21, 04:19:00 da tarde 2006 , Blogger Mãezana disse...

Emocionante...

E viva a àgua! Chap!Chap!

Bjinhos

 
Às quarta ago. 23, 03:14:00 da tarde 2006 , Anonymous Anónimo disse...

Fantástico...Pareces ser uma mãe maravilhosa. Parabéns!!!

 

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